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O Silêncio Do Judiciário Sul-Mato-Grossense

5 desembargadores afastados, 9 advogados investigados e um juiz de primeira instância como alvo da operação da Polícia Federal.

24/10/2024 17h22Atualizado há 4 meses
Por: Picarelli Junior

Nesta quarta-feira, 24 de outubro de 2024, a sociedade sul-mato-grossense foi surpreendida com uma operação de grande repercussão, denominada “Ultima Ratio”, deflagrada pela Policia Federal. A operação resultou no afastamento de cinco desembargadores do Tribunal de Justiça do Mato Grosso do Sul (TJMS), além da apreensão de documentos, dinheiros e armas nas residências de advogados e magistrados. Entre os investigados, destaca-se também um juiz de primeira instância e nove advogados, incluindo a atual vice-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional Mato Grosso do Sul (OAB/MS), que é candidata à reeleição como vice-presidente da entidade.

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Este cenário, naturalmente, desperta reflexões sobre o silêncio adotado por grande parte das instituições envolvidas. No campo jurídico, onde a palavra é instrumento de trabalho e defesa, a ausência de declarações mais firmes e detalhadas até o momento não passa despercebida pela opinião pública. É importante, porém, enfatizar que todas as pessoas alvos de investigação tem o direito à presunção de inocência, e qualquer julgamento antecipado seria uma afronta aos princípios do Estado Democrático de Direito.

A prudência é necessária em um momento tão sensível como este, especialmente diante do fato de que a atual vice-presidente da OAB/MS é candidata na eleição da entidade, o que pode resultar em um impacto significativo no cenário eleitoral da Ordem. O silencio pode ser interpretado como um posicionamento estratégico, visando a manutenção da imparcialidade e o respeito às investigações em curso.

Contudo, o episódio traz à tona questões relevantes sobre a relação entre ética e a prática jurídica no estado. A confiança nas instituições depende diretamente da transparência com que se conduzem processos dessa magnitude, e o silêncio prolongado pode suscitar dúvidas e questionamentos.

Ainda é cedo para tirar conclusões definitivas, uma vez que a investigação está em andamento. É necessário, portanto, que a sociedade e as instituições mantenham a serenidade e aguardem os desdobramentos, confiando na imparcialidade das autoridades competentes. O papel da OAB/MS em acompanhar de perto as investigações é fundamental para garantir que os direitos e prerrogativas dos advogados sejam resguardados, sem comprometer o curso da justiça.

Em tempos turbulência, o silêncio pode ser uma estratégia temporária, mas é essencial que, no momento adequado, as instituições envolvidas se manifestem de forma clara, promovendo um diálogo aberto e respeitoso com a sociedade. Afinal, é a confiança mútua que sustenta a credibilidade do judiciário e das entidades que o cercam.

Lembrando sempre: até que se prove ao contrário, todos os envolvidos devem ser considerados inocentes. É importante destacar que julgamentos precipitados e conclusões tiradas nas redes sociais podem causar danos irreparáveis a pessoas que, em muitos casos, sequer sabem a real dimensão do que motivou a operação. A imprensa, ao reportar de forma genérica, muitas vezes sem detalhes, corre o risco de induzir o público a um julgamento antecipado, prejudicando a imagem de inocentes. Que a verdade seja buscada e a justiça prevaleça, mas sempre com cautela e responsabilidade.

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